ATA DA SEXTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 29.01.1992.
Aos vinte e nove dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sexta Reunião Ordinária da Quarta Comissão Representativa da Décima Legislatura. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Dilamar Machado, Ervino Besson, João Dib, Leão de Medeiros e Letícia Arruda, Titulares, e Cyro Martini, Não Titular. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Vereador Airto Ferronato que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Senhor Secretário procedeu à leitura da Ata da Quinta Reunião Ordinária, que deixou de ser votada face à inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foi encaminhado, pelo Vereador Leão de Medeiros, 01 Projeto de Resolução no 09/92 (Processo nº 298/92) . Do EXPEDIENTE constaram os Ofícios-Circulares nºs 01/92, da Câmara Municipal de Rodeio Bonito; 01/92, da Câmara Municipal de Capão do Leão; 15/92, do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib disse esperar que o Prefeito Olívio Dutra declare, ainda hoje, se veta ou não o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 03/92. Discorreu, também, sobre Decreto do Executivo Municipal, editado em dezembro próximo passado, relativo a isenções e descontos concedidos sobre o Imposto Predial e Territorial Urbano. O Vereador Airto Ferronato teceu comentários acerca das discussões ocorridas na Casa, relativas ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo no 03/92, analisando a possibilidade de que tal projeto seja vetado pelo Executivo Municipal e a forma como devem agir os contribuintes para o pagamento do Imposto Predial e Territorial Urbano. O Vereador Ervino Besson falou sobre manifestação feita por aposentados em Santa Catarina, lamentado a atitude da polícia com relação a este movimento. Ainda, discorreu sobre a falta de segurança pública observada no Estado e a situação de precária sinalização enfrentada pelos turistas que passam por Porto Alegre em direção ao litoral gaúcho. As dez horas e onze minutos, constatada a inexistência de “quorum” para a Ordem do Dia, o Senhor presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Dilamar Machado e Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE (Dilamar Machado): Comunicação de Liderança com o PDS.
O SR. JOÃO
DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Embaixador acabou de me comunicar
que o bom senso funcionou lá na Administração Popular, na Prefeitura, que
resolveu, depois da bravata do Secretário Municipal dos Transportes, atender a
determinação do CETRAN na retirada da propaganda dos ônibus novos que, de
novos, tinham alguma coisa: a propaganda, antes não tinham, porque havia ônibus
de 89, 90 e 91. Mas, não foi este o assunto que me trouxe à tribuna. O que eu
quero é que o Prefeito Olívio Dutra não tenha a pressa que teve em dizer que
vai vetar, mas quero que ele tenha a mesma pressa, que ele seja tão acelerado,
quanto o foi, para editar uma lei no dia 28 de dezembro, e recebendo a Redação
Final, não aprovada, no dia 31 de dezembro. O Prefeito deve à Cidade esta
definição, ele vai dizer sim, ou não. Hoje, ouvi o Presidente da Casa
colocando, mais uma vez, para a assessoria do Prefeito, que o assunto é
político, que o assunto é de ética, que a Bancada do PT colocou coisas aqui,
ontem, portanto, em nome da Administração, que induziram aos Vereadores votarem
da forma que foi votado. Então, o mínimo que se espera do Prefeito, é que ele
diga, hoje ainda, veto ou sanciono, nada mais do que isso, ele tem o direito de
exercer qualquer uma das duas, agora, direito e dever são duas coisas que se
irmanam, e se ele tiver noções de dever, ele deve, sem dúvida, sancionar com a
mesma presteza com que fez a outra. Estou dando entrada num Pedido de
Informações, singelo, simples como as coisas devem ser, quero saber em que lei
se baseou S. Exª, Olívio Dutra, para editar o decreto que editou, dando
desconto de 18 até 63% e que poderia ter mais 20% de abono, qual a lei que
ampara decreto? Decreto não existe, caso não tiver uma lei que o ampare.
Honestamente, meus conhecimentos são muito parcos, não fazem saber qual a lei.
Então, estou pretendendo aprender, quero saber cada coisa desta Cidade, daí
porque eu quero que o Sr. Prefeito Olívio Dutra, com a mesma presteza e
eficiência que detém, me responda qual a lei que ele se amparou para editar o
decreto no dia 27 de dezembro. Esse 27 ou 28 foi muito proveitoso para a
administração da Prefeitura, pois que estava toda de plantão para fazer algumas
leis, editar algumas coisas que estão deixando dúvidas no coração e mente dos
porto-alegrenses. Sou um porto-alegrense, no mínimo quase que honorário, mas
que também está preocupado e quer saber. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Airto Ferronato.
O SR. AIRTO
FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o que me traz à tribuna diz
respeito também ao tema IPTU e àquilo que se discutia ontem.
Disse, por diversas vezes, na tarde de ontem, que o
único caminho para se alcançar benefícios aos contribuintes de Porto Alegre e
ao próprio Município de Porto Alegre seria o entendimento Legislativo e
Executivo com a participação da Bancada do Governo. Foi dentro dessa
expectativa que apresentei o substitutivo, após estudar a matéria, o qual foi
retirado no sentido de buscar o entendimento. Na verdade, acredito que, agora,
quando o Executivo diz que veta, estamos numa situação bastante difícil e
complicada, onde eu acredito, mais uma vez o caso deverá ir até a Justiça e eu
acredito que não vai trazer nenhum retorno a ninguém e, na minha visão, com
toda clareza, se o Executivo entrar na Justiça ele ganha, por dois motivos:
primeiro porque nós estamos tratando de Lei sobre tributo do mesmo ano, ou
seja, sem respeitar a anterioridade da Lei, que é o caso menos complexo na
minha visão. Por quê? Porque estamos beneficiando os contribuintes com esta
Lei. Agora, outro aspecto é o problema da iniciativa, ou seja, este Projeto
deveria ser encaminhado à Câmara pelo Executivo. Então, complicou. Acho que a
Câmara teria sucesso.
Por outro lado, eu também acompanhei o ano passado
e tenho notado uma coisa interessante nesta Casa. Apresentei uma Emenda ao
Projeto original, talvez a primeira emenda desta Casa que excedia o prazo para
o dia 10, porque é neste dia que os contribuintes recebem. Para se buscar
algumas paternidades, o dia 10 não serve. O que temos que fazer
conscientemente? Aumentando o prazo? Não. Negociando para baixo, pois na
proposta apresentada para o dia 14. Por quê? Para não acatar uma modesta
proposta de Bancadas pequenas. Este é um fato concreto que alguns Vereadores
relutam em fazer e isso prejudica o entendimento.
Hoje, pela manhã, alguns amigos telefonaram
perguntando o que fazer, a minha orientação foi para que paguem com 20% porque,
se o Executivo está dizendo claramente que vai vetar, a situação é muito
complicada, praticamente impossível de se reverter.
Para finalizar, eu ainda entendo - e apelo ao
Executivo - que o Executivo deve manter esta Lei da forma como foi aprovada
porque eu, particularmente, votei pela retirada do inciso 3°, quando Vereadores
vêm a esta tribuna dizer que tinham que retirar para o Executivo aceitar e
depois não sei por que cargas d’água - eu sei mas não vou dizer - na hora de
votar mudam o voto simplesmente para desagradar “a” ou “b”, mudam o voto no
final da sílaba, segunda chamada, que bobajada é essa, nós temos que votar no
primeiro momento e com um pensamento único aquilo que temos aqui. Eu sou o
primeiro que voto e nunca passo para o final da fila. Nunca passo. Então, diz
aqui, tem que votar para entendimento, vamos ter que retirar, aí nós votamos
para retirar, porque há um entendimento, um segundo depois passa para o final
da fila e volta para o fim. Então, ao Executivo, o Projeto da forma como ele
vai aprovado, ele reduz pouco, um montante muito pequeno do valor do orçamento,
não prejudica Vila nenhuma, meu apelo que se mantenha este Projeto, que o
Prefeito sancione, que é bom para a Cidade, vai facilitar o recolhimento, o
Executivo é competente na administração dos recursos públicos, vai receber
antecipadamente e vai ter mais dinheiro para gerenciar o município de Porto
Alegre. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Inscrito em Comunicação de Liderança pela Bancada do PDT, Ver.
Ervino Besson, dispõe de cinco minutos.
O SR. ERVINO
BESSON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, abrindo o jornal de hoje, tivemos
a oportunidade de ver o triste acontecimento de ontem em Santa Catarina, onde
aposentados, pessoas idosas de cabelos brancos, apanhando da polícia porque lá
estavam fazendo um movimento, reivindicando o que é justo, adquirido por suas
lutas dos longos anos de trabalho que é a sua aposentadoria. Mas, o povo de
Santa Catarina saberá punir e dar respaldo a estas pessoas, a estes aposentados
que apanharam da polícia. Mas, Sr. Presidente e Srs.Vereadores, mas uma vez
desta tribuna vou falar sobre a segurança do nosso povo, a segurança das
pessoas que lutam e trabalham no dia-dia para o sustento de suas famílias. Há 7
anos atrás, a família Dal Bosco Bassane, pequeno produtor, pequeno colono
sustentando também esse massacre que estão sendo impostos, que estão sendo
castigados pela política do Governo Federal, estão abandonando a agricultura e
vindo para a Cidade. Essa família Bassane, veio para a Cidade quando a dona
Edvirges estava grávida de duas meninas. Nós tivemos oportunidade de acompanhar
a luta daquela família com relação às duas crianças, que nasceram com problemas
sérios de saúde e que depois de longos dias no hospital após o nascimento,
foram recuperadas. Isso já faz seis anos. Mas, há oito dias, essa família que
estava estabelecida em Alvorada, com um pequeno comércio, um minimercado,
tiveram o lugar invadido por bandidos que tinham a intenção de liquidar toda a
família. Mataram o Valdir; deram três tiros na esposa; deram dois tiros em uma
das meninas. Hoje faz oito dias que este Vereador esteve no enterro do Valdir.
Hoje, também, estive no enterro da dona Edvirges, que acabou falecendo também
em conseqüência dos tiros. A menina ainda se encontra hospitalizada, correndo
sério risco de vida, porque uma das balas atravessou os seus dois braços e a
outra, atravessou o corpo, perfurando o fígado. A outra menina não foi atingida
porque estava dormindo, porque a intenção dos bandidos era liquidar toda a
família. Vejam, senhores, a situação de insegurança que o povo enfrenta no
dia-dia. Mas, aproveitado os poucos segundos que me restaram, gostaria de fazer
um relato porque fui procurado por algumas pessoas, principalmente pelos
proprietários de hotéis do nosso litoral onde nossos “hermanos” argentinos,
paraguaios e uruguaios se alojam. Quando esses turistas chegam a Porto Alegre,
para se dirigiram ao nosso litoral, ao passarem a Ponte do Guaíba não há
sinalização alguma que indique o caminho para nossas praias e essas pessoas
ficam completamente perdidas dentro da nossa Cidade. Algumas dessas pessoas, ao
tentarem pedir informações, se deparam com os vagabundos, com os malandros e
acabam sendo assaltados. Não sei a quem cabe a sinalização, se é ao DAER ou às
companhias de turismo, mas fica um alerta. Talvez a nossa estimada jornalista
possa fazer uma matéria no jornal chamando a atenção das nossas autoridades,
das entidades competentes, para que seja colocada uma sinalização que permita
às pessoas que vêm nos trazer divisas uma melhor forma de orientação. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Não havendo quórum para entrarmos na Ordem do Dia, declaramos
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Reunião às 10h11min.)
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